Álbum da Semana: “Like a Prayer"

Álbum da Semana com Sandra Ferreira

“Like a Prayer”  

Este álbum, aconteceu numa fase conturbada na vida de Madonna, divorciou-se de Sean Pen, tinha chegado aos 30 anos, idade da mãe quando morreu e lidava com críticas pouco positivas a sua prestação no filme “Who's That Girl (1987) e na peça “Speed-the-Plow", da Broadway. Madonna tinha muita coisa para organizar na cabeça e foi neste contexto que gravou este álbum.  

As gravações aconteceram em vários estúdios entre Nova Iorque, Califórnia e Minneapolis de setembro de 1988 e janeiro de 1989. Foi produzido pela própria cantora com Stephen Bray, Patrick Leonard os dois produtores que tinham trabalhado com ela no álbum anterior “True Blue” e ainda Prince.  

“Like a Prayer” é o quarto álbum de Madonna e nesta altura ela já era uma artista mundialmente famosa e poucos esperavam a maturidade artística que este álbum revelou. Madonna, como sempre, estava um passo à frente.       

Claro que todo o sucesso do álbum foi potenciado pelos vídeos mais ou menos escandalosos. O vídeo da faixa título “Like a Prayer”, gerou tanta controvérsia religiosa que chegou a ser condenado pelo Vaticano e a Pepsi decidiu cancelar um contrato de patrocínio no valor de 5 milhões de dólares. O vídeo de “Express Yourself” também se destacou por ser, na época, o mais caro de sempre. Com tanto falatório, no final dos anos 80, Madonna recebeu o título de “Artista da Década” e anos mais tarde, “Like a Prayer” foi incluído pela reputada revista Rolling Stone na lista dos 500 melhores álbuns de todos os tempos. 

Este disco mudou as regras do jogo para Madonna e para a música pop em geral. Provou que Madonna era muito mais do que um fenómeno comercial, uma estrela pop de consumo imediato, ela era – e continua a ser – uma contadora de histórias, uma provocadora e uma artista com algo a dizer.   

Talvez o maior feito deste álbum seja a longevidade, faz 36 anos em março, continua a ser relevante, soa a fresco, ainda provoca e ainda inspira. É o disco preferido de milhões de pessoas, que cresceram a vê-la como um exemplo de força, vulnerabilidade e ousadia.   

5 factos sobre "Like a Prayer” que provavelmente não se lembra 

Álbum perfumado 

Quando o disco foi lançado em vinil e CD, a capa interna vinha impregnada com uma essência de perfume patchouli. A ideia era criar uma experiência sensorial que refletisse o clima místico e intimista do álbum. 

Colaboração de Prince 

Prince participou do álbum tocando guitarra (em especial na faixa-título) e na canção “Love Song”. Ele também fez uma participação não creditada em “Act of Contrition”. 

As memórias da mãe  

“Promise to Try” é uma das faixas mais pessoais do disco. Madonna inspirou-se nas memórias e sentimentos sobre a morte prematura da sua mãe. Esta é considerada uma das canções mais emotivas de todo o seu repertório.  

“Oh Father“ 

Patrick Leonard, um dos produtores do álbum contou a Billboard que Madonna escrevia as letras numa hora. O tema “Oh Father” foi gravado em 3 takes. Um para a voz de Madonna que ficou bem logo à primeira, outro para a orquestra e um último para as vozes secundárias.  

TOP 5

1. "Like a Prayer" 

Prince toca a guitarra que se ouve no início da música.  Este videoclipe foi tão polêmico que atraiu críticas de todos os lados, da Pepsi ao próprio Papa. O escândalo tornou-a ainda mais famosa. Esteve três semanas no nº 1 nos EUA.  A produção funk pop de crescimento gradual, o coro gospel de Andraé Crouch e uma das performances vocais mais marcantes da carreira de Madonna ajudaram a transformar esta faixa-título num sucesso monumental. Afinal, como diz o verso de abertura : “Life is a mystery.” 

2. "Express Yourself"

É um hino de empoderamento feminino! Madonna incentiva as mulheres a dar prioridade à inteligência emocional à liberdade de expressão das suas ideias, dos seus desejos e sentimentos acima de qualquer saldo bancário. Lançada cinco anos depois de “Material Girl”, traz uma mudança na postura da cantora. O vídeo de David Fincher, inspirado em Metropolis, de Fritz Lang — foi considerado o mais caro de todos os tempos.  

3. "Cherish"

Em 2009, Madonna disse à Rolling Stone que “Cherish” era uma canção tola, um comentário polêmico e injusto. Na verdade, a faixa entrega um momento de leveza e romance ao álbum, é inspirada em histórias de amor como “Romeu e Julieta”.  

4. "Oh Father" 

Esta música fala do relacionamento conturbado com o pai autoritário, enquanto lida com as feridas deixadas pela morte precoce da mãe. Uma das canções mais emocionais de todo o reportório de Madonna.  

5.  "Dear Jessie" 

Sim, isto é, Madonna! Esta raridade foge completamente a tudo o que conhecemos da rainha da Pop. Foi inspirada pela filha do produtor Patrick Leonard (Jessie) que apareceu no estúdio de gravações e leva-nos numa viagem de fantasia com fadas duendes e elefantes cor de rosa... Foi lançada como single no Reino Unido e ainda chegou ao Top 10.