Álbum da Semana: "Violator" - Depeche Mode

Álbum da Semana com Sandra Ferreira

“Violator” - Depeche Mode  

“Violator”: O álbum que vestiu a música eletrônica de preto 

Em 1990, os Depeche Mode decidiram lançar um álbum que, mais do que um sucesso comercial, viria a definir uma era. “Violator” não foi apenas um passo à frente — foi um salto gigante em botas de cabedal para a banda britânica. Com uma mistura irresistível de sintetizadores sombrios, letras introspectivas e uma produção impecável, este álbum colocou Dave Gahan e companhia no Olimpo dos intocáveis da música eletrônica. 

“Violator” trouxe aos Depeche Mode o sucesso que eles mereciam.  

Mas calma, porque chegar até aqui não foi caminho sem tropeços. Afinal, estamos a falar de uma banda que começou nos anos 80 a fazer synthpop quase inocente, para depois mergulhar em temas mais densos – tudo sem perder o charme gótico que os fãs tanto amam. 

O disco foi gravado entre maio e setembro de 89, com o processo de gravação e masterização em cinco estúdios Logic (Itália), Puk (Dinamarca), The Church (Inglaterra), Master Rock (Inglaterra) e Axis (EUA). Mais de 7 milhões de cópias foram vendidas na altura do lançamento e tem canções que foram sucessos instantâneos como “Personal Jesus”, “World in My Eyes”, “Enjoy the Silence” e Policy of Truth”, todas lançadas em singles. 

O contexto: O mundo estava pronto para a escuridão 

1990 foi um ano estranho. As calças usavam-se largas, os penteados bastante questionáveis e o rock alternativo começava a tomar conta dos tops. No meio disto tudo, “Violator” chegou como um estranho elegante de sobretudo preto, pronto para conquistar as pistas de dança e as rádios com batidas hipnotizantes. 

A grande produção do disco foi em parceria com Mark Ellis mais conhecido por Flood, um dos produtores mais populares desde o final dos anos 80, trabalhou com tudo o que é bom, de New Order a U2 e muitos outros. Resultado: Cada faixa de “Violator” parece desenhada com precisão cirúrgica, como um fato bem cortado que nunca sai de moda.   

Se ainda não ouviu “Violator” do início ao fim, há duas hipóteses: ou esteve a viver numa gruta nos últimos 30 anos... ou tem medo de gostar demasiado. 

Experimente ouvir estas cinco músicas

1. "Enjoy the Silence" 

O maior sucesso dos Depeche Mode .  O vídeo foi realizado por Anton Corbijn e filmado em diversos países como Portugal, Espanha e Suíça. 

2. "Personal Jesus"

No final dos anos 80, os Depeche Mode puseram um pequeno anúncio num jornal que dizia: “Seu próprio JESUS PESSOAL” e tinha um número de telefone abaixo. Quem marcasse o número de telefone, ouviria esta música. Sim. Muita à frente!  

3. "Policy of Truth"

É uma das músicas favoritas de Martin Gore. Fala sobre ter que mentir para manter as aparências  O refrão é orelhudo, a guitarra de Gore é viciante e mantem-se na cabeça um bom par de horas.  

4. "World in My Eyes" 

Grandes álbuns geralmente têm aberturas sonantes e “World in My Eyes” soa tão à frente do seu tempo, com um groove que faz os cinco minutos de duração da música passarem num ápice.  

5.  "Halo" 

“Halo” é a faixa que nos transporta para um universo cinematográfico, onde os sintetizadores e a voz profunda de Dave Gahan criam uma atmosfera quase hipnótica. Halo também foi o nome escolhido para um livro sobre a era 'Violator' que saiu em 2022.  

Resumindo: “Violator” é um clássico que nunca perde o brilho 

Mais de três décadas depois, “Violator” continua a ser um álbum que define tendências sem nunca parecer datado. A estética sonora, minimalista e sofisticada, mantém-se tão relevante hoje como em 1990. 

Se ainda não mergulhou a fundo neste disco, é hora! Fica a sugestão: coloque os auscultadores, carregue no play.