Canções que podiam ser cânticos futebolísticos

A propósito do Mundial, e depois de passarmos em revista as músicas adotadas pelo desporto-rei, completamos a série de artigos que ligam futebol à música com uma lista de dez canções que poderiam ser usadas nos estádios. Se são entoadas, deveriam ser mais.

Kim Wilde - 'Kids in America'
O encadeamento melódico da canção é elevado por um daqueles refrães que se aloja nos ouvidos e é continuada por uma apoteose de la-la-las perfeita para um cântico num estádio. A canção foi suficientemente forte para lançar Kim Wilde como muito mais que um rosto bonito da pop. O single é já de 1981, mas nunca é tarde para reviver numa qualquer bancada de futebol, sempre dada a adaptar canções antigas quando menos se espera.

The Beatles - 'Hey Jude'
Na verdade, esta música já foi cantada nalguns estádios - só podia, não é? - incluindo no estádio do Manchester City. Mas isso aconteceu muito esporadicamente, atendendo à segunda metade eufórica da canção, de universais nah-nah-nahs, que qualquer multidão de qualquer outra língua entoaria. O tema até começa suave, como uma balada inspirada de Paul McCartney, escrita para confortar o filho de John Lennon, Julian (hoje um cantor pop), a viver o divórcio dos pais.

U2 - 'Pride in the Name of Love'
Músicas épicas de estádio é com os U2, especialmente esta, que os agigantou ainda mais. A própria canção dedicada a Martin Luther King cresceu muito em palco, como se vê nesta interpretação ao vivo durante a gloriosa The Joshua Tree Tour, em 1987. A aclamação final de oh-oh-ohs, que leva o público ao rubro, ainda está à espera que alguma claque a capture.    

Humanos - 'Quero É Viver'
Qualquer canção de António Variações é tendencialmente popular, incluindo as luxuosas reservas a que os Humanos dariam corpo. Um dos exemplos é esta música, projetada pela voz de Camané, e com andamento para encaixar muito bem num cântico de estádio.

UHF - 'Rua do Carmo'
António Manuel Ribeiro já escreveu duas músicas para o seu Benfica que costumam rodar no Estádio da Luz. Mas dentro do reportório dos UHF, de outros contextos populares, há umas quantas históricas que ecoam na consciência coletiva. Uma delas é sem dúvida a 'Rua do Carmo', facilmente readaptável aos coros das massas futebolísticas.

Arcade Fire - 'Wake Up'
Tal como os U2 ou Bruce Springsteen, também os Arcade Fire são propensos a escrever canções com coros grandiosos. No álbum de estreia da banda canadiana, "Funeral", é uma abundância. Um dos temas mais emblemáticos é 'Wake Up', que arrebatava multidões logo no início dos seus concertos, com aquele acentuação na vogal O. O que estão à espera, claques de futebol?

Billy Bragg - Which Side Are You On?
Atendendo à origem proletária das multidões de futebol no Reino Unido, as canções políticas anti-Thatcher de Billy Bragg dos anos 80, durante a turbulência das greves dos mineiros, deveriam cair no goto dos estádios da Velha Albion. Mas não caíram.

The Delfonics - 'Didn't I (Blow Your Mind This Time)'
'Didn't I (Blow Your Mind This Time)' é um clássico soul que ficou imortalizado nas vozes dos Delfonics e mais tarde homenageado por Quentin Tarantino no filme de 1997 "Jackie Brown". Os versos e o refrão facilmente empolgariam qualquer público de um recinto desportivo. Fica a sugestão.

Elis Regina - 'Romaria'
A música popular brasileira é todo um manancial de melodias facilmente convertíveis em cânticos de estádio. Um dos muitos clássicos ainda não explorados pelas multidões é esta 'Romaria', eternizada pela voz doce e afinada da enorme Elis Regina.

Tom Petty - 'I Won't Back Down'
A forma arrepiante como o público de futebol americano do Florida Gators cantou 'I Won't Back Down' de um dos seus conterrâneos, Tom Petty, a 7 de outubro de 2017, mostra que a canção tem potencial para ser usada nos eventos desportivos. É certo que ainda estava a quente a morte de Tom Petty, mas aquela melodia está ali à mão de semear.