Viagem aos Países Baixos: pelos canais e ciclovias
Laranjada com gás na mecânica de volta ao Mundial, após a falha de 2018.
É díficil não escrever mais Holanda e holandeses, substituindo-os por Países Baixos e neerlandeses. Mais consensual e automático é descrever a seleção do país como a Laranja Mecânica, com aquele futebol sedento de bola e obcecado com a baliza contrária. Habituados a contornar as contrariedades geográficas com diques e fontes renováveis de energia, fazem outros milagres com o seu futebol de grandes, fazendo esquecer o seu mapa de pequenos.
No meio estão as virtudes
A laranja tem andado muito mecanizada. Refeita do enferrujamento de há poucos anos que levou a máquina neerlandesa a enguiçar na qualificação para o Mundial anterior na Rússia, já retomou a vertigem ofensiva e vitoriosa de outrora, numa varridela que tem vitimizado adversários de peso em encontros oficiais como a vizinha Bélgica, a ascendente Noruega ou a Polónia de Lewandowski.
Mas a artilharia da seleção dos Países Baixos não tem o peso danoso de outras décadas. É no meio e ao centro que estão as maiores virtudes atuais. O eixo de defesas centrais tem a firmeza isoladora de um grande dique neerlandês. Atentem só nos nomes: o imperial Virgil van Dijk (do Liverpool), Matthijs de Ligt (do Bayern), Nathan Aké (do Manchester City) ou o experiente Daley Blind (do Ajax de Amesterdão). Mais à frente, mas também ao centro, há algumas peças relevantes no funcionamento da Laranja Mecânica, como o médio Marten de Roon (da Atalanta). Memphis Depay (que pouco tem jogado pelo Barcelona este ano) é o lutador da linha da frente, já com uma folha de serviços que faz dele um dos maiores goleadores da história da seleção.
Laranjas com muito sumo
Depois de uma longa hibernação de praticamente meio-século na chamada alta roda do desporto-rei, a seleção dos Países Baixos renasceu no início dos anos 70 com um futebol moderno que os rotulou como a Laranja Mecânica. Rinus Michels revolucionou o futebol da formação nacional. Com ordem permanente para atacar, aquela vontade urgente de ter a bola fazia a formação neerlandesa parecer-se com uma alcateia de lobos famintos. Tinham corpos de grandes adultos e ao mesmo tempo uma paixão de criança pela bola e pelo jogo. Tinham o vígor físico típico dos norte-europeus mas ao mesmo faziam do relvado um tapete de ballet. E o mais brilhante bailarino era Cruyff, o maior artista de uma companha de talentos como Rensenbrink, Rep, Neeskens, Arie Haan ou Krol, no brilharete do Mundial de 1974, que terminou no 2º lugar.
A partir de então, passaram a rondar sempre os lugares cimeiros dos maiores torneios de nações (o Mundial e o Europeu), como se fossem um país com um grande território - quando na verdade são menos de metade de Portugal. Mas grande era a atitude. Nenhuma seleção foi tantas vezes vice-campeã do mundo sem ter sido alguma vez campeã como os Países Baixos. Três finais perdidas (1974, 1978, 2010) é o balanço de um país que já alcançou cinco vezes as meias-finais de Mundiais - mais do que, por exemplo, uma gigante como a Inglaterra.
A única vez que desceram da tribuna presidencial com uma grande taça nas mãos foi no Euro-88, precisamente no Estádio Olímpico de Munique, onde haviam perdido a final do Mundial de 74. Van Basten, Gullit, Rijkaard, Ronald Koeman, Vanenburg e o bota-de-ouro de 1981-82 Kieft formavam a equipa de sonho, com os mesmos princípios de jogo de ataque permanente e com o mesmo selecionador: Rinus Michels.
Os Países Baixos habituaram-se bem ao seu estatuto de grande nação do futebol, como um viveiro de talentos. Vejam só o que se seguiu (dando-nos ao luxo de omitirmos outros futebolistas de classe): nos anos 90 Bergkamp, Cocu, Overmars, Seedorf ou Davids; e pelos 2000s em diante, van Nistelrooy, Robben ou Sneijder.
Os primeiros sinais vistosos do que poderia vir da Laranja Mecânica foram dados a vermelho e branco, pelos seus maiores clubes: primeiro o Feyenoord (campeão europeu em 1969-70), depois, sobretudo, a máquina trituradora do Ajax, herculizada por aquele franzino chamado Johan Cruyff. Os famosos duelos entre o Feyenoord e o Ajax são designados como De Klassieker e são a rivalidade entre as duas maiores cidades da antiga Holanda: Roterdão e Amesterdão. Mais desportiva que social tem sido rivalidade com o PSV Eindhoven, o clube potenciado pela marca Phillips, que teve como uma das maiores equipas aquela mesmo que derrotou o Benfica na final da Taça dos Campeões Europeus em 1988, no arrastado desempate das grandes penalidades, com uma constelação de estrelas neerlandesas e de países das vizinhanças como o belga Gerets ou os dinamarqueses Heintze e Lerby e dos nacionais Vanenburg, Kieft ou o guardião van Breukelen, que, abençoado pelo fantasma de Béla Guttman (o vulto da "maldição"), adivinhou o lado para onde o benfiquista Veloso resolveu chutar.
Na Penísula Ibérica, o Barcelona tem sido um bastião neerlandês desde os anos 70, com Johan Cruyff e Neeskens ao serviço dos blaugrana. A partir dos anos 90, já com Cruyff a revolucionar no banco, houve mais imigração de luxo dos Países Baixos, com Ronald Koeman e mais tarde van Bronckhorst, Frank De Boer, Kluivert, Cocu ou, hoje em dia, Depay. Em Portugal, o grande recetáculo de jogadores neerlandeses tem sido o Sporting. Foi com as cores alvi-verdes que jogou o único neerlandês melhor marcador do campeonato português, o pinheiro (e bem mais do que isso) Bas Dost, que jogou em Alvalade entre 2016 e 2019. Muitos anos atrás, a meio dos anos 90, outro neerlandês se destacou no Sporting, mas como defesa central: Valckx. Menos marcantes foram as passagens pelo clube leonino do avançado Peter Houtman (entre 1986 e 1988), do defesa Boulahrouz (2012-12) ou do ponta-de-lança van Wolfswinkel (entre 2011 e 2013). Bem mediática foi a viagem-relâmpago de Frank Rijkaard a Alvalade em 1987-88, para se tornar jogador do Sporting. Mas a viver uma espiral de imbróglios, Rijkaard nunca chegou a vestir mais do que o equipamento de treino do clube lisboeta. Meses depois, juntar-se-ia aos compatriotas Van Basten e Gullit no AC Milan, formando um trio holandês que deu muitas alegrias aos rossoneri.
Com as suas tamanquinhas
Ao contrário do futebol, os Países Baixos na música são mais importadores que exportadores. Desde os anos 60 que fazem parte dos itinerários europeus dos nomes fortes do rock e da pop. O Paradiso, uma antiga igreja de Amesterdão, é uma das salas de espetáculos com mais história no continente. Passou por lá o melhor do rock psicadélico, do punk, da new wave... em suma do melhor de cada tempo.
A música neerlandesa rapidamente adotou o modelo anglo-saxónico e houve cedo uma vaga de bandas de rock psicadelico da contracultura da cena da Nederbeat dos anos 60, como os Shocking Blue, conhecidos pelo êxito internacional 'Venus', ou os Golden Earring (também de Haia). Noutras contraculturas, nos anos 80, os Clan of Xymox fizeram culto, muito ligados à estética da editora britânica 4AD e com passos pioneiros na darkwave.
Porém, a figura do rock neerlandesa mais conhecida de sempre nem sequer fazia parte de qualquer cena do país, falamos do herói da guitarra do hard-rock Eddie Van Halen, dos norte-americanos Van Halen. O famoso solista era quase tão famoso... como o seu compatriota de outras cordas André Rieu, o violinista de música clássica mais comercial que enche Altice Arenas atrás de Altice Arenas. Há ainda outra figura de proa que tem mais os pés no resto do mundo do que no seu país natal: Anton Corbijn, um dos grandes fotógrafos dos últimos quarenta e tal ao serviço do rock. Captou Ian Curtis e os seus Joy Division como nenhum outro e cresceu para o trabalho com outros artistas (Miles Davis, Tom Waits, Nick Cave, U2 e, de forma bastante regular, os Depeche Mode) e para outras artes (videoclipes, design de álbuns e até o cinema, sempre com a música como pano de fundo).
Mas a produção musical dos Paises Baixos é mais conhecida pela música eletrónica, com embaixadores famosos como Martin Garrix, Armin van Buuren, Tiësto ou os Venga Boys.
É preciso ir para a província do norte do país, Fryslân (que chamamos como Frísia), para conseguirmos encontrar alguns sinais da vida do folclore neerlandês. É nessa região de meio-milhão de pessoas que se encontra alguma autenticidade muito própria, num combinado vivo de acordeões, violinos e percussão, numa diferenciação para a qual contribui o uso de uma língua própria e bem antiga: o frisian. Se os urbanos de Amesterdão e de Roterdão gostam de dançar eletrónica, em Fryslân dança-se valsas ou polkas nos salões e nos pubs. Da tradição de Fryslân sairam alguns dos grandes cantautores neerlandeses como Doede Bleeker e o ex-carpinteiro Piter Wilkens, e ainda a histórica banda de folk-rock Irolt.
Por falar em tantas danças, há um famoso sapateado com os tamancos do país, os klompen, que são um ex-líbris rural do país.
Cerveja ao bacão, kibbeling na rua
Os neerlandeses adoram panquecas, chamam-nas pannenkoek e fazem-nas um pouco maiores do que as que estamos habituados. Servem tanto para doces, como para salgados. E há ainda as panquecas-miniatura, chamadas de poffertjes, sempre com aquela nevezinha de açúcar em pó.
A gastronomia dos Países Baixos não é das mais famosas na Europa. O país tem uma grande tradição de pratos muito práticos, alguns deles especialmente pensados para a época invernosa. Como é o caso da erwtensoep, uma sopa de ervilhas (que leva cenouras e outros legumes) que é mais um ensopado, a que se junta roggebrood (pão de centeio), bacon e salsicha fumada. Outros dos pratos da época fria é o stamppot, um popular cozido de todos os legumes que é possível imaginar, e que inclui obrigatoriamente batatas, servido com uma salsicha fumada por cima.
Sente-se também a influência do passado de colonizador nos hábitos alimentares do povo dos Países Baixos, como é o caso da comida indonésia, comercializada ao modo de fast food e de take-away, como a iguaria do saté, que são espetadas de carne (de porco ou de frango) com molhos (normalmente adocicados) e até com manteiga de amendoim, e servido com batatas fritas (aqui, um costume neerlandês).
O país é fã de snacks de rua, em especial do kibbeling, que são pedaços de bacalhau fritos e mergulhados em maionese de alho. Mas o que é mais famoso em todo o mundo é o queijo leve e sem sabor forte Edam, vendido por cá numa bola com um revestimento vermelho, mas na própria localidade que lhe dá nome, o revistimento é amarelo.
A terra baixa a que chamávamos de Holanda é respeitada internacionalmente pelas cervejas. Há uma marca que é comum vermos nos nossos supermercados, a Heineken. E tal como a vizinha Bélgica, os Países Baixos têm também uma produção de cervejas trapistas.
Noutros líquidos de teor alcoólico mais elevado, o digestivo herbal mais conhecido é o Beerenburg. Mas o grande orgulho neerlandês vai para o jenever, o precursor do gin. Enche-se o copo até ao limite, dá-se um beijo (para não derramar) e só depois se bebe o resto de enfiada.
E tudo o vento elevou
Os Países Baixos sempre fizeram das ameaças da natureza as suas forças. E há muito tempo que é um das nações que mais aposta nas energias renováveis. A energia eólica é uma das maiores fontes do país, com numerosos parques de turbinas eólicas. Por alguma razão é conhecido como um país de moínhos. Há alguns sítios onde isso se nota mais, como no vilarejo rústico Zaanse Schans, a 15 quilómetros de Amesterdão, e, mais a norte, em de Kinderdijk. Também dá para nos fascinarmos com os moinhos de água, como na cidade medieval de Valkenburg, conhecida pelos seus castelos, palácios, hóteis antigos e pelo rio Geul que se divide em dois trilhos aquáticos que mais parecem canais. Outra contrariedade é o nível abaixo do mar das terras e o risco permanente de cheias, que têm levado o país a destacar-se pelos diques, o maior deles Afsluitdijk, que é um autêntica auto-estrada pelo mar adentro com 32 quilómetros de comprimento.
A omnipresença de mar pela terra adentro faz dos Países Baixos uma espécie de Veneza em ponto grande, com cidades cujas ruas são canais, como o caso de Amesterdão, a tal Veneza do Norte, onde os barcos são um transporte recorrente. Embora bem menos recorrente que as bicicletas, mais de 18 milhões em toda a nação, mais do que uma por habitante. Não há horizonte visual neerlandês onde não se veja bicicletas presas junto a cada porta de edifício, ou amontoados destes lindíssimos objetos de duas rodas nos abundantes parques deste transporte ecologista.
Os Países Baixos são famosos pelas tulipas. Uma das maiores tentações para o olhar é em Keukenhof, o "Jardim da Europa", com uma conjugação de cores, para a qual contribui outras flores como lírios, jacintos, cravos ou rosas, no sul dos Países Baixos.
Aliás, todo o país rural parece uma fábula com vilarejos e cidades piscatórias pitorescos como Marken, conhecida pelas suas casas de madeira coloridas, ou a cidade de Volendam. Mas da fábula real à fábula propriamente dita bastam umas pedaladas de bicicleta, dando com Efteling, um dos mais antigos parques temáticos da Europa, que parece um conto de fadas, com direito a aventuras.
A cidade de Amesterdão é uma grande atração turística, muito por culpa também pelas muitas liberdades que oferece, como a possibilidade de fumar erva em coffee shops, e pelo fácil acesso às montras de prostituição do Red Light District. Se num dos canais, virem uma grande fila de pessoas na Prinsengracht, é porque são turistas para entrarem na Casa de Anne Frank, o refúgio de judeus perseguidos pelos nazis mais visitado hoje em todo o mundo. É desta criança judia, Anne Frank, a obra de literatura neerlandesa mais famosa em todo o planeta, o "Diário de Anne Frank" - os relatos e desabafos por que passou no esconderijo.
Para termos uma ideia sobre as razões por que a economia neerlandesa tem tendência para prosperar, basta pensamos em marcas fortes da nação como a empresa de aparelhos elétricos Philips, eternizada no nosso consciente por causa das máquinas de barbear Philishave (mas também pelo material áudio), a cadeia de supermercados internacional Jumbo, a companhia aérea KLM, ou a famosa plataforma digital de reservas turísticas Booking.com, também muito utilizada pelos portugueses.
Os Países Baixos eram ainda um jovem Estado (independente da coroa espanhola) no século XVII e já se sobressaíam pela sua pintura, por via do seu período mais dourado, graças a artistas como Rembrandt e Vermeer. Mas o neerlandês das telas mais badalado (mas não em vida, tendo sofrido na obscuridade) é o pós-impressionista Vincent van Gogh, que deixou os seus traços coloridos no seu século XIX para a posteridade. A história da pintura neerlandesa, essa, continuou no século XX, com génios como Mondriaan (1872-1944), que se associou a um dos maiores movimentos artísticos do século passado, o abstrato De Stijl, que fez dos Países Baixos um dos expoentes máximos do design: interiores simples, objetos de figuras geométricas retílineas e de cores primárias. Claro que o De Stijl tomou conta também da arquitetura, outra área artística onde os Países Baixos têm exportado talentos. Mas ficou mesmo no país uma das maiores referências arquitetónicas do século XX, o edifício Van Nelle Factory, em Roterdão, concebido por Leendert van der Vlugt. Um dos maiores arquitetos vivos é Rem Koolhaas, que deixou também marcas em Roterdão, através do museu de arte Kunsthal, mas que foi tornando o mundo urbano mais bonito, incluindo na cidade do Porto, através da Casa da Música (um dos seus maiores projetos).
Quando era ainda um pretendente a artista, Dick Bruna criou um dos coelhinhos mais famosos em todo o mundo, a Miffy, que inspiraria mais de 30 livros infantis, que se tornaram muito lidos às horas de embalo junto a muitas camas à volta do mundo, sobre os seus passeios de bicicleta ou sobre as suas idas ao jardim zoológico - histórias simples, desenhos simples, cores simples. Na arte da imagem em movimento, o cinema, há um nome de um neerlandês que singrou em Hollywood e, automaticamente, em todo o planeta: o realizador Paul Verhoeven, reconhecido pela sua ousadia nas temáticas sexuais, como no suspense de "Instinto Fatal" (de 1992), mas também na ficção científica, de que é exemplo "RoboCop" (de 1985).
A nível desportivo, os Países Baixos são uma semi-potência desportiva, para não irmos mais longe, com uma registo olímpico com que Portugal nunca poderia competir. Só em Tóquio 2020, foram o sétimo país mais medalhado do mundo, apenas atrás de Estados desproporcionalmente maiores ou mais populosos. Nas últimas Olimpíadas de Inverno, o registo é também de excelência, com um impressionante 6º lugar no medalheiro olímpico geral.
Mesmo fora da órbita olímpica, os neerlandeses dão cartas, sobretudo hoje em dia Max Verstappen, campeão do mundo de Fórmula 1 nos últimos dois anos. É nas pistas, mas dos ringues, que estão as grandes especialidades dos Países Baixos a nível de desportos de inverno, como os casos de patinagem de velocidade e de patinagem de velocidade em pista curta. Na primeira modalidade, Ireen Wüst obteve este ano o feito inédito em termos mundiais de ter sido campeã olímpica em cinco edições seguidas. Mas a grande heroína laranja de Pequim 2022 foi Irene Schouten, com três subidas ao lugar mais alto do pódio. Na patinagem de velocidade em pista curta, a grande devoradora de medalhas é a campeão olímpica Suzanne Schulting. Nas pistas do velódromo, os Países Baixos são também uma fábricas de referências internacionais, incluindo a nível feminino, que tem como atleta-modelo Annemiek van Vleuten. Às voltas na pista de atletismo, a super-mulher neerlandesa é Sifan Hassan, campeã olímpica em 5000 metros e 10 000 metros. Mas a mulher mais lendária de sempre do atletismo continua a ser a velocista Fanny Blankers-Koen, que foi tetracampeã olímpica nas Olimpíadas de 1948.
Em modalidades coletivas de pavilhão, os Países Baixos também incutem respeito. No voleibol, sempre foram muito competittivos. A equipa masculina viveu o seu período dourado nos anos 90, com a medalha de ouro olímpica em 1996 e o título de campeã europeia em 1997 e também foi nessa década que a formação feminina obteve o seu único título continental. Há um outro desporto, mais focado em terras neerlandesas que é o korfball, que regista algumas parecenças com o basquetebol e é jogado normalmente em equipas mistas e sempre com grande afinco. Não é só no futebol que os neerlandeses se dão bem na relva. O país tem um historial impressionante no hóquei em campo que tem como uma das suas personalidades atuais a jogadora Frédérique Matla, a estrela de seleção laranja, que nos Jogos Olímpicos de Tóquio destravou o seu rolo compressor até à vitória final, destroçando oito equipas adversárias sem piedade. A hegemonia mundial no hóquei em campo feminino está justificada com três medalhas de ouro nas últimas quatro Olimpíadas, quatro títulos mundiais nas cinco últimas edições e as vitórias dos últimos três Europeus.
Mesmo sem diques, os Paises Baixos não metem água... quando se metem em água. A natação é o desporto que mais medalhas olímpicas deu ao país, 62, entre as quais 22 medalhas de ouro. Inge de Bruijn, tetracampeã olímpica, foi uma das maiores nadadoras de sempre do país. Fora das piscinas e pelo mar adentro, o país sempre somou medalhas e títulos no remo ou na vela, que tem atualmente como maior figura o windsurfer Kiran Badloe, campeão olímpico e tricampeão do mundo.
Os Países Baixos são praticamente um potência paralímpica, como a 5ª nação melhor medalhada em Tóquio 2020. Diede de Groot, tenista de cadeira de rodas, é uma das mais impressionantes paradesportistas, tendo feito o pleno de Grand Slams nos últimos dois anos em individiduais e tendo conquistado as duas medalhas paraolímpicas de ouro em disputa, em pares e em individuais, em Tóquio.