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Agência Lusa
23 abril 2024, 13:47
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Bordalo II coloca caixa de "próbiótico antifascista" sobre campa de Salazar

Bordalo II coloca caixa de "próbiótico antifascista" sobre campa de Salazar
Bordalo II SalazarBordalo II
Agência Lusa
23 abril 2024, 13:47
Artista fez instalação no cemitério do Vimieiro, em Santa Comba Dão.
O artista Bordalo II colocou uma caixa de medicamentos gigante, com a inscrição "Liberdade. Probiótico antifascista", em cima da campa de Oliveira Salazar (1889 -1970), no cemitério do Vimieiro, concelho de Santa Comba Dão.

"A liberdade é fundamental para cada um de nós e para o bem-estar de todos", defende o artista numa publicação feita hoje de manhã na rede social Instagram, na qual mostra fotografias da instalação artística e um vídeo do momento em que ela foi transportada para a campa do antigo ditador.

António de Oliveira Salazar, figura maior da ditadura do Estado Novo, nasceu a 28 de abril de 1889 no Vimieiro (distrito de Viseu). Morreu a 27 de julho de 1970, quase dois anos após uma queda que lhe provocou um derrame cerebral e o afastou da presidência do Governo.

Na caixa vermelha e branca, que tem desenhado um cravo vermelho, pode também ler-se que o "probiótico antifascista" é disponibilizado em 50 cápsulas de 25 mg, numa alusão aos 50 anos do 25 de Abril de 1974, que se comemoram na quinta-feira.

"Por algum motivo, os que têm ambições tirânicas e antidemocráticas começam exatamente por atacar a liberdade -- este conceito complexo que atravessa vários campos da nossa vida e sem o qual não teremos uma sociedade justa", argumenta Bordalo II na publicação do Instagram.

E porque "a liberdade é fundamental", o artista deixa um aviso: "Não nos podemos distrair e tomar a liberdade como um bem adquirido. Pelo contrário, temos que defendê-la e exercitá-la todos os dias. O 25 de Abril serve também para nos lembrarmos disto".

Bordalo II acrescenta que "defender a liberdade é respeitar as diferenças, exigir direitos fundamentais universais e permitir a expressão do pensamento livre e da criatividade".

"Também a arte deve ser livre, deve poder questionar, provocar e dar um ponto de partida para a reflexão", defende o artista, que termina com a frase "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais."