Álbum da Semana: The Cure - Disintegration
Ouça este álbum, do lado A ao lado B, de domingo para segunda à noite, entre as 00h-01h.
Álbum da Semana com Sandra Ferreira
'Disintegration', lançado em 1989, é frequentemente visto como a obra-prima dos "The Cure". Este álbum representa um mergulho profundo de Robert Smith na sua melancolia, resultando num conjunto de músicas que mostram como podem ser complexas as relações humanas.
Robert Smith estava à beira dos 30 anos e isso fê-lo refletir sobre a vida, isolou-se e mergulhou num processo criativo intenso. O ambiente da banda durante as gravações do álbum era tenso com o teclista, Lol Tolhurst, que travava uma batalha contra o alcoolismo que acabou por afastá-lo do grupo.
Musicalmente, 'Disintegration' é denso e hipnotizante, com camadas de sintetizadores e guitarras que nos levam para uma experiência introspectiva. Nunca tinha ouvido nada assim antes.
A estética dos "The Cure" nesta fase foi igualmente marcante, muito graças ao trabalho visual do diretor Tim Pope. Os videoclipes de 'Disintegration' foram essenciais para consolidar a imagem gótica e etérea da banda, com destaque para 'Lullaby', que retrata Smith como uma presa de uma aranha gigante, numa metáfora visual dos seus medos. Esta estética surreal de pesadelo, conquistou a MTV e ajudou a banda a atrair novos públicos. Já o vídeo para 'Pictures of You', trouxe uma abordagem visual mais nostálgica, enquanto 'Lovesong' trazia simplicidade e intensidade emocional com cenários escuros.
O impacto de 'Disintegration' vai muito além da música; ele é um testemunho visual, sonoro e emocional da luta de Smith para se manter fiel a si mesmo e à sua arte. O equilíbrio entre dor e beleza, solidão e união, este álbum tornou-se um refúgio para muitos adolescentes nos anos 80.
TOP 5
1. 'Lovesong'
Foi escrita por Robert Smith como presente para sua esposa, Mary Poole, com quem se casou em 1988. Fica no ouvido o riff de baixo hipnotizante, cortesia de Simon Gallup, que cria um groove constante e envolvente.
2. 'Fascination Street'
Foi o primeiro single lançado nos EUA do álbum. A editora Elektra Records optou por não lançar 'Lullaby' no Reino Unido.
3. 'Plainsong'
O disco abre com 'Plainsong', um hino cerimonial épico e magnífico.
4. ''Lullaby'
É provavelmente o hit mais estranho a alcançar o Top 5 do Reino Unido. Primeiro estranha-se depois entranha-se!
5. 'Pictures of You'
É a perfeita expressão do equilíbrio entre a luz e a escuridão que define o álbum e os "The Cure". Inspirada por um incêndio que levou Robert Smith a refletir sobre o valor dos seus pertences. Esta música é uma das suas mais importantes e impactantes obras de toda a carreira da banda.
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