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Agência Lusa
06 maio 2024, 14:04
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PCP quer ouvir ministra da Administração Interna com urgência por causa dos ataques racistas no Porto

PCP quer ouvir ministra da Administração Interna com urgência por causa dos ataques racistas no Porto
Agência Lusa
06 maio 2024, 14:04
Comunistas querem saber que medidas estão a ser tomadas para prevenir crimes de ódio.
O PCP requereu hoje a audição urgente da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, para obter esclarecimentos sobre as medidas que estão a ser tomadas para prevenir crimes de ódio, após as agressões a imigrantes no Porto.

No requerimento, a que a agência Lusa teve acesso, o deputado do PCP António Filipe defende que essas agressões são "acontecimentos intoleráveis que têm de ser condenados, e têm de ser identificados e punidos os seus responsáveis, garantido às vítimas todo o apoio de que precisem".

"Estes acontecimentos não estão desligados do discurso de ódio, de racismo e de xenofobia que vai sendo propagandeado na sociedade portuguesa e cuja difusão é moralmente responsável pela ocorrência de crimes de ódio", lê-se.

O PCP adverte que as circunstâncias em que ocorreram os crimes no Porto, "de natureza grupal, alertam para a existência de grupos organizados dispostos a cometer este tipo de crimes, cuja identificação e responsabilização se afigura indispensável para garantir a segurança e a tranquilidade dos cidadãos nacionais e estrangeiros residentes em Portugal".

"Neste sentido, o Grupo Parlamentar do PCP vem requerer a audição urgente da senhora ministra da Administração Interna com o objetivo de informar a Assembleia da República sobre as medidas que as forças de segurança estão a tomar com vista a prevenir a ocorrência de crimes de ódio na sociedade portuguesa e para identificar e responsabilizar os seus autores", lê-se.

Além desta iniciativa, o PCP apresentou também outro requerimento para ouvir o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, que tutela a área das migrações, para "obter esclarecimentos quanto às medidas que o Governo está a adotar para enfrentar os problemas que afetam o funcionamento da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA).

Nesse requerimento, o deputado António Filipe defende que "acumulam-se falta de respostas" a estudantes e trabalhadores que chegaram com visto a Portugal mas ainda não conseguiram agendamento, a "muitos cidadãos estrangeiros com documentos que não conseguem a respetiva renovação" ou a "cidadãos indocumentados porque não conseguem agendamento para a respetiva regularização".

"Em muitos casos, estamos perante cidadãos que trabalham e cujos direitos não podem ser exercidos por falta dos procedimentos obrigatórios, assinatura de contratos de trabalho, outros de renovação dos respetivos contratos de trabalho, alguns com problemas no acesso à habitação e à prestação de cuidados de saúde", frisa o deputado.

Para o PCP, "a acumulação de milhares de imigrantes nesta situação impõe que sejam tomadas medidas de emergência de forma eficaz" e que se conheça "o quadro completo dos processos pendentes na AIMA relativo às situações descritas".

Na madrugada de sexta-feira, vários imigrantes foram agredidos em três locais distintos da cidade do Porto, sendo que pelo menos dois dos agredidos receberam assistência no Hospital de São João.

Num dos casos, o ataque deu-se na casa de 10 imigrantes, na Rua do Bonfim, que foi invadida por um grupo de 10 homens.

Na sequência das diversas agressões, seis homens foram identificados e um foi detido por posse de arma ilegal, tendo sido presente a tribunal e ficado em prisão preventiva.