Itamar Vieira Júnior vence Prémio Leya 2018
"Torto Arado", do escritor brasileiro Itamar Vieira Junior, é o romance vencedor do Prémio LeYa de Literatura, no valor monetário de 100 mil euros, com edição prevista pelo grupo editorial, anunciou hoje Manuel Alegre, que presidiu ao júri.
O romance do escritor brasileiro "parte de uma realidade concreta" de "situações de opressão, quer social, quer do homem em relação à mulher".
Em conferência de imprensa, Manuel Alegre afirmou que a narrativa do escritor brasileiro Itamar Vieira Junior "encontra um plano alegórico sem entrar num estilo barroco, que ganha contornos universais".
A "solidez da construção, o equilíbrio da narrativa e a forma como aborda o universo rural do Brasil" foram outras das razões destacadas para a escolha do romance.
O júri referiu ainda a ênfase que a narrativa do autor coloca "nas figuras femininas, na sua liberdade e na violência exercida sobre o corpo num contexto dominado pela sociedade patriarcal".
O Prémio LeYa de Literatura é o maior galardão para uma obra inédita escrita em língua portuguesa, e o júri desta 10.ª edição, contou com os novos membros, a escritora angolana Ana Paula Tavares, a jornalista e crítica literária portuguesa Isabel Lucas e o editor, jornalista e tradutor brasileiro Paulo Werneck, que substituíram o escritor angolano Pepetela e os professores e críticos brasileiros José Castelo e Rita Chaves, que saíram.
Além do escritor Manuel Alegre, que mantém a presidência do júri desde o início, continuam também a fazer parte Lourenço do Rosário, professor de Letras e ex-reitor da Universidade Politécnica de Maputo, José Carlos Seabra Pereira, professor de Literatura Portuguesa na Universidade de Coimbra, e o escritor e poeta Nuno Júdice.
O júri reuniu-se na terça-feira e hoje na sede do grupo LeYa, em Alfragide, no concelho da Amadora, nos arredores de Lisboa.
Ao galardão candidataram-se, este ano, 348 originais provenientes de 13 países, a maioria, de Portugal e Brasil, embora tenham chegado "obras de países tão diversos como Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos, China ou até mesmo da Islândia", segundo o grupo editorial.
No ano passado, o vencedor foi o romance "Os Loucos da Rua Mazur", de João Pinto Coelho.
O galardão foi atribuído pela primeira vez em 2008, ao brasileiro Murilo Carvalho, pelo romance "O Rastro do Jaguar", e por duas vezes não teve vencedor - em 2010 e em 2016 -, dada a qualidade dos originais a concurso, segundo justificou então o júri.
"O Olho de Hertzog", de João Paulo Borges Coelho, venceu o prémio em 2009, "O Teu Rosto Será o Ultimo", de João Ricardo Pedro, em 2011, "Debaixo de Algum Céu", de Nuno Camarneiro, foi o vencedor em 2012, ao qual se sucedeu "Uma Outra Voz", de Gabriela Ruivo Trindade, em 2013. Em 2014 venceu o romance "O Meu Irmão", de Afonso Reis Cabral, e, em 2015, "O Coro dos Defuntos", de António Tavares.
O vencedor deste ano, Itamar Vieira Junior, nasceu em Salvador da Bahia em 1979. É escritor, geógrafo e doutorado em Estudos Étnicos e Africanos pela Universidade Federal da Bahia. É um dos finalistas ao Prémio Jabuti, o mais importante prémio literário brasileiro, com o livro de contos A Oração do Carrasco.